Geraldina
GERALDINA Quando Geraldina chegou, Não era noite, não era dia Com a trouxa nas costas Lentamente ela ia. Quando Geraldina chegou, Não entendeu o que acontecia, Pelo chão só gente morta, Por todos os lados é o que se via. Olhou pro céu, olhou pra rua Lentamente a vagar, todos pareciam lhe clamar Unicamente a ajuda sua. Geraldina olha a todos, gente nova, gente velha gente pobre, gente fina Todos na mesma rua Uns por baixo, outros por cima. Geraldina percebeu, então aí a sua sina, Se está viva entre tantos É para enterrá-los a que se destina. Cova rasa ou cova funda? Como faço? Alguém me ensina? Isto não se ensina Uma cova é uma cova Não importa a quem se destina. Cobre-se de terra o corpo, acende uma vela em cima. A pá na terra crava Uma cova, outra cova, mas uma Põe o corpo faz a prece O morto mesmo mudo agradece. As horas vão passando, Geraldina enterrando Um a